PROSTITUIÇÃO
NA "FREGUESIA FLORIDA"
«As pessoas esqueceram o maior de todos os deveres, o dever para consigo próprias. É verdade que são caridosas, alimentam os esfomeados e vestem os pobres, mas as suas próprias almas morrem de fome e estão nuas. A coragem desapareceu.»
Óscar Wilde



ASSOBIAR PARA O AR

Fernando Soares Reis

Já no tempo da Grécia Antiga a prostituição representava uma importante actividade económica com a peculiaridade de que esta não era clandestina.
O negócio da prostituição rende ao proxenetismo milhões de euros, porque a prostituição não se reduz a um acto individual de uma pessoa que aluga o seu sexo por dinheiro.
É, na esmagadora maioria dos casos, uma organização comercial com dimensões locais, nacionais e internacionais onde existem três parceiros: pessoas prostituídas, proxenetas e clientes.

De acordo com um estudo do Instituto Europeu para a Prevenção e Controlo do Crime, Portugal é uma porta aberta para a prostituição na Europa.
Está mesmo considerado como o mais importante país de trânsito de prostitutas da América do Sul para a Europa.

Qualquer cidadão empenhado numa sociedade mais solidária, preocupa-se com esta situação pois é impossível construir uma sociedade humana, justa, sem nela se integrar a humanidade plena da mulher ou do homem, livres da exploração e da violência a que são sujeitos.

A prostituição nas bermas das estradas na área de Fernão Ferro – que faz com que esta seja conhecida pelos piores motivos – não dignifica a freguesia e quem nela vive, é um atentado à saúde pública e um crime ambiental.

Basta ver como está o pinhal e as bermas da estrada na área da prostituição.

Depois de, em 2006, a Assembleia de Freguesia de Fernão Ferro ter aprovado, com 3 votos a favor do PS e 10 abstenções (!), uma moção para exigir medidas à autarquia, e já nestas páginas ter abordado este tema, no início deste ano, num encontro de autarcas, perguntei ao senhor presidente da Câmara Municipal do Seixal porque é que ainda não se resolveu este problema.

Respondeu-me que este problema é uma questão social.
E, pouco mais adiantou.

É de facto uma questão social.
Mas não só.

É também de saúde pública e ambiental.

Sobretudo, é uma questão política.

E como é uma questão política cabe aos políticos resolvê-la e não assobiar para o ar.

Tal como faz o presidente da Junta de Freguesia de Fernão Ferro que, da primeira vez que abordei esta questão, dando mostras da sua coragem, aconselhou-me a não fazê-lo
e, se o fizesse, utilizasse um pseudónimo.

Não fosse alguém pensar que eu estava a estragar-lhe a
‘Freguesia Florida’.


Crónica: À NOSSA VOLTA
Publicada no Notícias da Zona, em 21 de Julho de 2008.


FF aos 18.10.2008

15 comentários:

Anónimo disse...

Ena pá isto é uma boa ideia, criar uma agência publicitária.
Bem visto.

Anónimo disse...

É uma vergonha o que se passa nesta terra.
Eu nunca digo que moro em fernão ferro, refiro sempre o Seixal.
É que esta terra é conhecida pelas meninas que se vendem á beira da estrada.
Os homens são mesmo nojentos e só assim é que se pode entender esta pouca vergonha.

Anónimo disse...

São as flores,Dª.Margarida.
Estão murchas, mas são estas as que temos no nosso jardim.
Tratem bem os seus jardineiros.

Anónimo disse...

Ainda existem ANORMAIS (adjectivo que peca na qualificação dessa gentalha) que se abstêm de votar a favor sobre este tema.
Incrível, porque será?
A única razão minimamente plausível é serem clientes e dos assíduos.

Anónimo disse...

Mais uma chapelada para o régulo dono da razão.
Então onde esta a moral destes senhores?
Cada um defende a sua dama e neste caso a dama de uns não é a dos outros e este tema veio trazer á população a definição, assim como a pretensão do futuro.
Para um bom entendedor estas palavras bastão, não é senhores representantes da freguesia?

Anónimo disse...

Senhor Presidente Pereira, faça algo pelo bom nome da Freguesia e tente acabar com esta pouca vergonha.
Obrigado

Menina Marota disse...

"As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra

"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão".

Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito

Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem."

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

E porque não tenho receio de me identificar...

Anónimo disse...

Porque será que o PCP e o PSD não votaram a favor?
Eu imagino, só devem ter filhos homens lá em casa.

Anónimo disse...

DUAS CITAÇÕES SOBRE O TEMA:

Há mulheres que se encontram à venda e jamais conseguiriam dar-se
Fonte: "Maximes et Pensées"
Autor: Chamfort , Sébastien-Roch
____________________________

A prostituição é o estado ordinário da mulher
Autor: Gautier , Théophile

Ana disse...

O caminho que o tema levou penso que foi totalmente imprevisto, e fiquei quase que sem saber o que dizer, mas pondo os pés na terra não vou apesar de estar tentada por aí, vou sim pelo "caminho" do post,estou de acordo com o que foi aí escrito, não tenho nenhum preconceito de residir em Fernão Ferro por esse motivo, porque não sejamos "idealistas", nem falsos moralistas, mas também com o mal dos nossos vizinhos vivemos nós muito bem. Mas pergunto a quem de direito, (Deve haver aquí alguém a espreitar, se existe uma tomada de posição não se pode ficar pelo "é uma questão social".
Não sei, eu pessoalmente não sou contra, desde que seja um negócio devidamente legalizado e dentro das leis vigentes, assim aponto uma solução, que tal uma "CASA DA LUZ VERMELHA", tipo Holanda, não me matem por favor, mas sempre ouvi dizer que é a mais velha profissão do mundo, e para além disso reconheço a lberdade de quem quizer se prostituir de o fazer.
Fico por aqui pois já etava a querer ir por outros caminhos.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Compreendo perfeitamente a vossa indignação.
Agora, pelo que tenho lido estão a tentar lavar a imagem e o nome da vossa terra, mas Fernão Ferro ainda é conhecido pelas prostitutas e pelos proxenetas.
Unam-se

Anónimo disse...

Naturalmente, só a moral hipócrita é que não aceita a legalização da prostituição.
Eu sou a favor da sua legalização.
Porque sendo legal, todos ganhavam com isso.
A prostituta, o Estado e a sociedade.
A(o) prostituta(o) porque adquiriam direitos e passavam a ter deveres.
Direito à protecção da assistência social e o dever de descontar para a mesma e de pagar impostos sobre o rendimento do seu trabalho sexual.
O que trazia, assim, benefícios, também, para o Estado.
A sociedade beneficiava com a melhoria da saúde pública graças ao maior e efectivo controlo sanitário evitando-se assim a propagação de doenças de transmissão sexual, nomeadamente a sida que é a mais terrível de todas travando assim o aumento assustador do número de infectados por este vírus mortal.
Os proxenetas seriam muito menos, a escravatura sexual terminava e as probalidades de violência a que os trabalhadores do sexo estão sujeitos seriam também muito menores.
Sem querer ser exaustiti só por aqui pode-se ver as vantagens da legalização são muito mais que manter tudo como temos actualmente.
Não vale a pena nem assobiar para o ar nem enterrar a cabeça na areia.
Os políticos têm que ter coragem para enfrentar de frente esta questão e resolvê-la, se querem de facto uma sociedade mais justa e melhor para todos.
Tal como a Interrupção Voluntária da Gravidez, esta questão social devia ser referendada.
Trazia, no mínimo, o benefício da discussão e o aumento da consciencialização necessária para um problema que afecta-nos a todos.
E seria bom que se aproveitassem os actos eleitorais normais para referendar, ou melhor, para a população poder dar sinais aos políticos sobre o que ela pensa acerca de muitas questões da nossa sociedade.
Tal como se faz nos EUA.

Anónimo disse...

Amigos leitores,
A propósito do tráfico e prostituição de mulheres

Dêem uma leitura no sitio

http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=2559

e leiam o artigo, ele é interessante.

Anónimo disse...

Quero apenas acrescentar que sendo legalizada, a prostituição só seria permitida em zonas restritas, fora dos olhares dos menores e daqueles que têm o direito de não se cruzar involuntáriamente com ela.

Anónimo disse...

Já conhecia o poema da SENHORA Sophia de Mello Breyner Andresen, mas nunca é demais relembrar, ainda mais a prepósito deste tema.
Muito bem visto menina marota...